A História da Mãe que Conseguiu na Justiça que a Filha Passasse de Ano

A HISTÓRIA DA MÃE QUE CONSEGUIU NA JUSTIÇA QUE A FILHA PASSASSE DE ANO

Um fim de semestre de tensões

Final de semestre é sempre um período de tensão para muitas famílias. Crianças enfrentam recuperações, pais equilibram apoio e cobrança, tudo em busca de evitar a temida reprovação. Em alguns lares, essa fase se transforma em uma oportunidade de união, criando estratégias conjuntas para superar desafios. Em outros, no entanto, é um momento de medidas drásticas e até questionáveis para evitar que o aluno seja reprovado.

O caso da mãe determinada

Uma história que me marcou profundamente aconteceu em 2010. Conheci uma mãe que estava determinada a garantir que a filha passasse de ano, a qualquer custo. Apesar de ser dedicada e participativa, ela enfrentava um problema claro: sua filha havia negligenciado os estudos durante todo o ano, priorizando festas e saídas.

Como educadora, acompanhei de perto o comportamento dessa jovem e notei que sua mudança de atitude veio apenas no final do ano, quando a reprovação já era iminente. Ela passou a estudar intensamente, mas o esforço tardio não foi suficiente. O resultado foi a reprovação.

Porém, para essa mãe, a reprovação não era uma opção. Decidida, ela recorreu à Justiça, argumentando que a filha merecia ser aprovada. Mesmo enfrentando derrotas iniciais, a mãe conseguiu uma liminar favorável nas cortes superiores, revertendo a reprovação.

As consequências da decisão judicial

Enquanto educadora, senti-me profundamente desconfortável com esse desfecho. A mãe, orgulhosa da conquista judicial, compartilhava sua vitória, enquanto a aluna demonstrava indiferença, mais preocupada com a viagem de férias que estava por vir. A justificativa? O final do ano havia sido estressante, e ela precisava descansar.

Essa experiência me levou a refletir sobre o impacto de decisões como essa na formação do caráter das crianças. Ao garantir a aprovação da filha por vias judiciais, a mãe enviou mensagens claras:

  • Que erros podem ser corrigidos por terceiros, sem que a criança enfrente as consequências diretamente.
  • Que esforço e responsabilidade são valores secundários, quando comparados à busca por soluções rápidas.
  • Que limites e responsabilidades podem ser facilmente contornados.

Educação: uma tarefa compartilhada

O episódio também me fez lembrar do livro “Psicanálise de Pais – Criança, Sintoma dos Pais”, de Durval Checchinato. A leitura reforçou a ideia de que o sucesso do trabalho educacional depende de uma parceria saudável entre pais e filhos.

Analisar notas e enfrentar dificuldades escolares deve ser visto como uma oportunidade para pais e filhos alinharem expectativas e reforçarem valores como esforço e responsabilidade.

O valor das consequências

Quando uma criança ou adolescente apresenta notas baixas ao longo do ano, é essencial que os pais adotem medidas consistentes e eficazes. Cancelar viagens de férias ou reforçar a rotina de estudos são atitudes lógicas e justas. No entanto, o que se observa, muitas vezes, é a escolha por atalhos que minimizam o aprendizado e o desenvolvimento da responsabilidade.

A reprovação, embora indesejável, pode ser uma lição valiosa. Ela ensina que cada ação (ou a falta dela) tem suas consequências, preparando o aluno para desafios futuros.

Refletindo sobre o papel dos pais

Para que os pais possam exercer plenamente seu papel, é importante que reflitam sobre suas atitudes e estejam dispostos a buscar ajuda, se necessário. Terapias sistêmicas podem ser uma excelente ferramenta para ajudar famílias a encontrar um equilíbrio saudável. Como dizia o educador Içami Tiba: “Quem ama, educa”.

A verdadeira vitória está em formar filhos responsáveis, capazes de lidar com os desafios da vida de forma ética e determinada.

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