jun24 Alfabetização no Século 21 Abordagens e Desafios Atuais

Alfabetização no Século 21: Abordagens e Desafios Atuais

A alfabetização no século 21 desempenha um papel indispensável na vida das crianças por ser um importante passo rumo ao desenvolvimento de diversas linguagens e início do processo de letramento. Neste artigo, exploraremos as abordagens usadas na alfabetização e os desafios que enfrentamos atualmente na educação.

A alfabetização evoluiu ao longo dos anos, passando de um foco no fonema para uma abordagem mais abrangente, que considera o contexto do texto e também as vivências do aluno. No entanto, ainda há muito a ser feito para alcançar plenamente os objetivos de alfabetizar todas as crianças.

Vamos explorar as abordagens, superar os desafios e proporcionar uma educação de qualidade às nossas crianças.

A Importância da Alfabetização na Formação Integral do Indivíduo

A habilidade de ler, escrever e calcular é um marco na vida de uma criança, moldando seu presente e determinando seu futuro. Por isso, a alfabetização está intrinsecamente ligada a questões mais abrangentes no processo educacional.

Ler e escrever com competência e compreensão é a chave para o acesso a inúmeras habilidades e conhecimentos fundamentais. Isso permite a superação de barreiras culturais, econômicas e sociais, sendo um passo fundamental para a criança permanecer na escola e aprender com qualidade.

Apesar dos avanços no acesso à educação no Brasil desde meados dos anos 1990, ainda há desafios significativos na qualidade da educação. Estes são refletidos nas altas taxas de abandono escolar e na distorção idade-série. Além desses problemas, a qualidade da aprendizagem também deve ser considerada.

Em 2021, 2,8 milhões de crianças concluíram o 2º ano do Ensino Fundamental. Entretanto, dados revelam que 56,4% dos alunos foram considerados não alfabetizados, ou seja, não concluíram uma jornada autônoma no mundo da alfabetização. O Brasil ficou apenas à frente de 5 países na Avaliação Internacional de Alfabetização, aplicada em 65 nações.

O resultado é uma realidade preocupante, consequente dos baixos níveis de aprendizagem ao longo dos anos escolares: o chamado “analfabetismo funcional”. Ou seja, indivíduos cujo nível de leitura e escrita não atende às demandas diárias nem permite uma participação cidadã eficaz na construção social.

A alfabetização também desempenha um papel importante na integração das áreas do conhecimento durante a jornada educacional.

Com base nos atuais documentos legais, a sociedade brasileira se compromete a assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos, um processo que deve ser iniciado ainda na pré-escola. Isso envolve a aquisição progressiva das competências leitoras e escritoras, permitindo que todas estejam preparadas para uma vida escolar bem-sucedida.

Compromisso Nacional Criança Alfabetizada

O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, lançado pelo governo, representa uma abordagem significativa para a alfabetização no Brasil. Estabelecendo uma parceria entre a União, Estados, Distrito Federal e municípios, a iniciativa aspira garantir que 100% das crianças estejam alfabetizadas até o final do 2º ano do Ensino Fundamental.

Além da meta de alfabetização, o compromisso visa a recomposição de aprendizagens, com ênfase na alfabetização, abrangendo todas as crianças matriculadas no 3º, 4º e 5º ano. Isso reflete a busca por uma educação mais inclusiva e eficiente, visando não apenas o ensino inicial, mas também a contínua consolidação das habilidades de leitura e escrita ao longo dos primeiros anos escolares.

A colaboração entre os diversos níveis governamentais destaca a importância da união de esforços para atingir metas ambiciosas na área da educação. O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada redefine as expectativas para a alfabetização e representa um comprometimento coletivo em proporcionar uma base sólida para o desenvolvimento educacional das crianças brasileiras.

Entretanto, esse compromisso não implica em um início formal e sistematizado da alfabetização desde a Educação Infantil, mas em um trabalho baseado em leitura, jogos e brincadeiras que são precursores da alfabetização. Isso inclui atividades como o reconhecimento de rimas e sons, identificação de letras e seus sons, conforme previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A alfabetização, quando concebida e implementada como política pública, deve ser vista como um processo contínuo, integrado a outras esferas do governo.

Para obter resultados eficazes, é necessário estabelecer processos de gestão transparentes e objetivos. Eles permitem a geração contínua de novas evidências, a melhoria constante das políticas em relação a documentos e materiais de referência, sistemas de monitoramento e avaliação, e, acima de tudo, aprimoramento dos educadores.

Os professores, por sua vez, podem e devem se transformar em uma equipe de profissionais especializados em alfabetização, preparados para alfabetizar pessoas de todas as idades que ainda não dominam o sistema de escrita alfabética.

Além disso, é imperativo que as práticas e os conhecimentos relacionados à alfabetização, incluindo as contribuições das neurociências, sejam discutidos e compartilhados pelas equipes escolares e pelas secretarias de Educação.

As Novas Tecnologias na Alfabetização

No cenário atual, em que os estudantes são nativos digitais, abordagens inovadoras na educação desempenham um papel essencial na adaptação a essa nova realidade tecnológica. Elas visam fomentar que os alunos aprendam a aprender, por meio de experiências e experimentos, incentivando ativamente sua participação no projeto pedagógico.

É relevante destacar que as práticas inovadoras na alfabetização vão além do mero uso de recursos tecnológicos. Elas representam uma sinergia entre Metodologia, Tecnologia e Conteúdo. Isso implica em personalizar o ensino-aprendizagem, considerando o contexto específico de cada ambiente educacional.

Na prática, essas tendências se manifestam como uma flexibilização do processo de aprendizado, permitindo que os alunos moldem sua abordagem individual de estudo e aprendizagem, descobrindo formatos mais eficazes para a construção de seu próprio conhecimento.

Apesar da tecnologia ser muito relevante, ela não é o meio principal de alfabetização das crianças, que aprendem primordialmente na troca com os seus professores e colegas. Por isso, é fundamental que as novas tecnologias sejam um apoio a uma estratégia de alfabetização, mas não o único recurso utilizado.

Abordagens de Alfabetização

Dentro do contexto da alfabetização, é vital adotar abordagens inovadoras que não se restrinjam ao simples ensino de leitura e escrita, mas que abranjam o desenvolvimento integral das crianças.

Conheça algumas das abordagens de alfabetização mais disseminadas e implementadas nas escolas:

Abordagem Fônica

A abordagem fônica na alfabetização concentra-se na associação entre letras e sons. Ela ensina as crianças a reconhecerem os sons individuais das letras e combinar esses sons para formar palavras.

Nesse método, a ênfase está na decodificação fonética, ajudando os alunos a desenvolverem habilidades de leitura ao compreenderem a relação entre grafemas (letras) e fonemas (sons). A abordagem fônica é conhecida por ser sistemática e sequencial, proporcionando uma base sólida para a compreensão da linguagem escrita.

Abordagem Construtivista

A abordagem construtivista na alfabetização, inspirada nas ideias de teóricos como Jean Piaget e Paulo Freire, enfatiza a construção ativa do conhecimento pelo aluno. Ela parte do princípio de que as crianças constroem seu entendimento do mundo por meio de interações sociais e experiências práticas.

No contexto da alfabetização, essa abordagem valoriza a compreensão do significado das palavras e textos, incorporando a leitura e a escrita no contexto das experiências de vida do aluno. O professor atua como facilitador, promovendo a reflexão e a discussão para estimular o pensamento crítico e a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem.

Ambas as abordagens têm méritos distintos, e a escolha entre elas muitas vezes depende das características individuais dos alunos, do contexto educacional e das preferências pedagógicas dos professores. O importante é reconhecer que não há uma abordagem única e correta, mas sim a necessidade de adaptação às necessidades específicas de cada criança, promovendo, assim, uma educação mais inclusiva e personalizada.

Alfabetização em Outras Linguagens

Uma proposta inovadora na alfabetização vai além da mera transmissão de conhecimento. Deve ser um momento dedicado não apenas ao aprendizado da leitura e escrita, mas também ao desenvolvimento de outras linguagens fundamentais, como a corporal, musical, artística, motora e a inteligência emocional.

A alfabetização, nesse sentido, torna-se um processo onde cada faceta do desenvolvimento infantil é cuidadosamente considerada.

Ao integrar atividades que promovam a expressão corporal, a apreciação musical, a criatividade artística e o fortalecimento emocional, os educadores garantem que a alfabetização seja funcional e enriquecedora para o desenvolvimento global da criança.

Essa abordagem reconhece a diversidade de estilos de aprendizagem e ritmos individuais, proporcionando um ambiente de aprendizado inclusivo. Olhar para a alfabetização como um processo mais amplo contribui para a formação de indivíduos mais completos e preparados para enfrentar os desafios educacionais e sociais ao longo de sua jornada escolar.

Desafios da Alfabetização em um Mundo Tecnológico

Em um cenário cada vez mais digital, a alfabetização se depara com desafios significativos e transformadores. A introdução de ferramentas digitais nas salas de aula tem modificado profundamente o processo de aprendizagem inicial, promovendo alterações na maneira como as crianças absorvem conhecimento.

Com as novas gerações crescendo imersas no mundo digital, torna-se imprescindível que a educação esteja em sintonia com essa realidade em constante evolução.

As inovações tecnológicas desempenham um papel essencial em uma educação mais alinhada às necessidades dos estudantes contemporâneos.

Embora a integração de computadores, tablets e smartphones na sala de aula seja desafiadora, ela também traz recompensas. As crianças já estão familiarizadas com esses dispositivos em casa, estabelecendo uma conexão com o mundo que conhecem fora da escola.

No entanto, é fundamental destacar que, nesta fase da alfabetização, a tecnologia deve ser considerada um apoio e recurso útil. O foco principal reside na interação entre professor e aluno, família e aluno, por ser nesse diálogo que ocorre o aprendizado.

A tecnologia, nesse contexto, desempenha um papel secundário, sendo um suporte para atividades como jogos e aplicativos que auxiliam na formação de palavras, letras e pequenas leituras. Vale ressaltar que ela não deve substituir as interações humanas essenciais.

Nessa faixa etária, o uso da tecnologia concentra-se mais em ferramentas que colaboram com a formação linguística, não priorizando necessariamente a pesquisa e o acesso ao conteúdo online. Essa abordagem tem em vista preservar o equilíbrio entre o avanço tecnológico e a importância insubstituível da interação humana no processo educacional inicial.

 

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