Aquaman da vida real
O título parece cômico, mas na realidade essa matéria não fala de um super-herói, mas sim, de uma pesquisa da Universidade Federal do Ceará, que está testando a utilização de pele de Tilápia (Oreochromis niloticus) no tratamento de feridas causada por queimaduras e tem trazido benefícios como: acelerar o processo de cicatrização e amenizar a dor.
Essa pesquisa visa diminuir os gastos do Sistema Único de Saúde com o tratamento de queimaduras, que atualmente são tratadas com pomadas e curativos. Esse processo envolve um consumo muito grande de material e desconforto para o paciente, já que os curativos são feitos várias vezes ao dia.
Em outros países eles usam peles de animais e pele humana, mas foi a primeira vez que um animal aquático foi utilizado. Esses outros procedimentos são trabalhosos e tem um custo muito elevado, no caso da pele humana, ela deve passar por esterilização e sorologia, e são tiradas de pacientes com morte encefálica e que tenham sido autorizadas pela família, mas ainda há muito preconceito sobre essa prática, o que dificulta a doação.
Você deve estar se perguntando: tanto peixe por aí, porque a Tilápia? A Tilápia é um dos peixes mais produzido na piscicultura do país, junto com o tambaqui eles representam 62% da produção nacional, e sua pele na maioria das vezes é descartada. Na pele desse peixe foi encontrada grande quantidade de colágeno tipo-1 que acelera o processo de cicatrização, além do que, a pele da Tilápia adere facilmente à pele humana e evita contaminação do meio externo e que o paciente perca liquido, o que poderia dificultar a cicatrização.
Para fazer o procedimento a pele da Tilápia é retirada em um reservatório de água doce no Ceará, colocadas em caixas isotérmicas e levadas ao Banco de Peles na Universidade Federal do Ceará, por onde passam por uma esterilização inicial. Depois são levadas para a Universidade Federal de São Paulo para passar por um processo de radioesterilização, onde são eliminados possíveis vírus e garantir a segurança do produto. Quando voltam para o banco de peles, elas são refrigeradas e podem ser guardadas por 2 anos.
Além dos humanos, essa técnica está sendo utilizada nos animais que sofreram graves queimaduras com os incêndios ocorridos no Pantanal, e tem mostrado significativos resultados, diminuindo a dor dos animais.
Fontes
ALVES, Ana Paula Negreiros Nunes; VERDE, Maria Elisa Quezado Lima, JÚNIOR, Antônio Ernando Carlos Ferreira; SILVA, Paulo Goberlânio de Barros; FEITOSA,Victor Pinheiro; JÚNIOR, Edmar Maciel Lima; MIRANDA, Marcelo José Borges de;FILHO, Manoel Odorico de Moraes. Avaliação microscópio, estudo histoquímico e análise de propriedades tensiométricas da pele de Tilápia do Nilo. Disponível em: CLIQUE AQUI Acessado em: 20 de outubro de 2020.
FELIX, Marina. Pele de Tilápia: a nova promessa no tratamento de queimaduras. Disponível em: CLIQUE AQUI Acessado em20 de outubro de 2020.
GRAGNAN. Juliana. Incêndios no Pantanal: as extraordinárias imagens dos animais queimados tratados com pele de tilápia. Disponível em: CLIQUE AQUI .Acessado em: 20 de outubro de 2020.
MORI, Marina. Pesquisa inédita usa pele de Tilápia para curar queimaduras. Disponível em: CLIQUE AQUI. Acessado em: 20 de outubro de 2020.